segunda-feira, 4 de julho de 2011

Casa

A minha área de conforto,
é onde me sinto e me deleito,
de onde não fujo nem me apoquento,
com as coisas poucas do sentimento.
Outrora voz de mim, que me suspende,
no local de parca calma interna,
a minha área de conforto, hoje, 
voltou a ser a minha casa materna.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Cofre Cerebral


Dentro de um cofre cerebral
(Onde os espaços são pisados pelos pés discretos
de quem caminha na direcção da minha vontade),
Tenho divisões geométricas,
Pela falta de ortodoxia no meu pensar.
Venho, por dentro do corpo,
entrar em conflito comigo mesmo,
e mesmo assim, não me convenço,
Porque não me resolvo.
A soma dos cálculos,
Ou a subtracção das deduções não me leva a lado nenhum.
Questiono-me, por isso:
Estará a liberdade no consumo de mim próprio,
Ou na alimentação dos meus princípios?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Reflexão

Se há favos de razão na seara da mente,
flavo será o raiar de luz dormente,
que sem razão óbvia do que transparece,
faz acreditar que nem tudo se assemelha
à virtude da realidade amovível que me corrói,
não nos intervalos das vírgulas, mas sim no
pernicioso tempo que, vagarosamente, me consome,
até concluir o pensamento.
Nada é tão simples, como sentar-me e reflectir,
no que quero trazer ao mundo.

Actores da Vida

Dizem os dramaturgos que,
da angustiante paixão pelo representar,
nasce o maior dos artistas.
Sê-lo ou não, dependeu outrora da força,
hoje, apenas da existência do Sentir.
A arte faz-me tão bem, como a ti.
Bem como angústia de amar faz-te sentir humana.
A nós, que nos sentamos a conversar num café qualquer,
alguém nos recorda que, todos somos actores,
quando a vida nos empurra para a sua devassa realidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Qual sou eu?


Peço-te a atenção:
Diz-me tu, que me lês ou que aqui passas os olhos,
perdes do teu tempo a paciência,
e da paciência o tempo que preciso para que me ouças
como quem lê, na mente abusada.
A escumalha que faz de nós humanos,
é fiel ao sentimento de pertença a uma raça comum?
Ou há trastes no meio das gentes,
que ignoram o mundo sem cor?
E sem graça ou pagamento,
Nos obrigam a contorcer-nos de dor,
ganhando secura na boca e cortes no peito?
Diz-me, tu que aqui envelheceste,
E que deste conta das contas cerebrais
Que me operam o corpo faminto:
Qual sou eu?
Aquele que construiu a verdade,
Ou o que a vive?

Relógio

Um corpo sente-se velho,
(Ou vai-se sentido, com a passagem do tempo).
Mas nada que assuste o prevenido mental.
Já a pobreza humana que há debaixo da pele,
Qual poeira perversa em dias de calor,
Corrói a decência que nos resta
Antes da terra nos abraçar.
E abraça, por certo.
E se o som do relógio se ouve,
Não é por ter desaparecido e voltado de viagem,
Mas sim por ter recebido a atenção que nunca teve.
Infelizmente, ao contrário do relógio,
Nem tudo espera por nós.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mãe - Parabéns à minha progenitora!


Se um dia, nos mares altos da alma viajante,
Me perguntarem o que é ser mãe,
respondo enquanto homem:
Ser mãe é ser porta e janela,
conduta e trilho andante.
É ser voz e espelho, de um rosto que se eterniza,
não nas imagens, mas nos enquadramentos do próprio tempo.
Ser mãe, é ser um pedaço de um corpo,
e no dia seguinte acolher um corpo em pedaços,
juntá-los novamente, e fazer-lhes entender o que é a Vida.
Ser mãe, é um passatempo da felicidade,
que se ocupa das pessoas que entendem o que é amar,
sem que com isso se importem com os pregos
(que a inconsciência lhe crava).
Ser mãe é mais…é mais que uma soma das variantes,
ou mais que uma cara de teimosias variadas.
Hoje, como ontem,
ser mãe é entender que as letras de um nome,
Perpetuam a sua essência,
e os olhares a sua existência,
com a mais genuína admiração,
sem que para isso,
Precisem mais do que um simples chamar deleitoso:
- Anda, Filho. Caminha. (Como eu sou).
E eu respondo: Obrigado, Mãe.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Liberdade


Pegarei na minha arma de tinta azul,
e apresentar-me-ei, todos os dias, ao serviço da liberdade.
Recitarei, em todas as esquinas e vielas deste mundo,
o mundo que se criou com a musicalidade da voz.
E qualquer sentimento que me corroa, vazará pelo meu poetizar mísero,
indo além da casualidade dos sentidos e da comunhão rítmica das palavras.
Mas a paixão pelo povo enaltece a expressão literária,
moldada pelas sensações instantâneas da verdade que,
todos, um dia, profetizámos.
E eu…eu serei sempre um militar emanado da escrita e da paz intelectual,
absorvido na realidade construída por um país.
Orgulhoso, por isso, grito em versos toscos:
Que censurem a gula do poder,
mas que não me tirem o poder da liberdade.

A liberdade de 74


Abram-se as alfândegas mentais
Capazes de se superiorizar às chagas do tardio nascer
Como no dia em que, depois de vários,
um bando de redentores vestiu a pele de Homem.
Sem vergonhas, vociferaram o dom da palavra
Despindo o imperativo do silêncio.
Queimaram-se todos os riscos azuis, todos as balas cansadas,
Todas as manchas negras e algumas cores encarnadas.
E pelas ruas portuguesas,
salgadas pelos pés do mar, fez-se história!
Abram-se as alfândegas mentais, também hoje,
E que o nosso corpo transpire e viva as memórias
e cultive as nossas terras livres e humanas.
Que um orgulho nos invada e nos faça ser gente,
Mais que povo: Portugueses.